O juiz Mauricio Albagli Oliveira, da 1ª Vara de Garantias de Salvador, determinou a soltura da influenciadora digital Ludmila Soares do Nascimento e de Franklin Reis, mediante o cumprimento de medidas cautelares. Ambos são investigados na segunda fase da Operação Falsas Promessas, deflagrada para apurar um esquema de rifas ilegais e lavagem de dinheiro com ramificações interestaduais.
Enquanto isso, o magistrado manteve a prisão preventiva de José Roberto Nascimento dos Santos, conhecido como “Nanan”, apontado como líder do grupo. A decisão também alcança o operador financeiro Paulo Santos da Silva Junior e outros envolvidos com atuação considerada central no esquema criminoso.
Segundo a decisão, José Roberto continuou promovendo jogos de azar mesmo após ter sido alvo de medidas cautelares na primeira fase da operação. “Torna-se clarividente a necessidade de adoção da medida cautelar mais gravosa (…) uma vez que (…) prosseguiu (…) na atividade ilícita de promoção de jogos de azar”, afirmou o juiz. A suposta tentativa de legalizar as rifas por meio da Loteria da Paraíba (Loterp) não foi considerada suficiente, já que o órgão não possui autorização para atuar em âmbito nacional.
Responsável por movimentar cerca de R$ 150 milhões, Paulo Santos da Silva Junior teve sua prisão mantida para garantir a ordem pública. A Justiça identificou sua empresa como fachada para rifas ilegais e lavagem de dinheiro.
Outro nome que permanecerá preso é o de Jefferson Silva França. Apesar da defesa alegar que apenas uma transferência bancária o ligaria ao esquema, foram identificadas movimentações atípicas de mais de R$ 2,5 milhões em suas contas, além de laços com figuras centrais da organização e indícios de tentativa de obstrução da justiça.
Francisco Souza Braga Junior, empresário do setor de veículos de luxo, também não foi beneficiado com a liberdade. Ele é suspeito de lavar mais de R$ 58 milhões por meio de sua empresa, valor considerado incompatível com sua atividade declarada.
Idelfonso de Jesus Santos Filho, tido como braço direito de “Nanan”, segue preso por participar diretamente das operações financeiras do grupo e no transporte de bens, como um carro de luxo ligado à organização. As investigações apontam que ele movimentou mais de R$ 883 mil.
Por outro lado, a influenciadora Ludmila Soares do Nascimento conseguiu a revogação da prisão. Para o juiz, ela tem participação considerada de menor relevância, restrita à divulgação das rifas. Sem antecedentes e sem movimentações financeiras suspeitas em seu nome, Ludmila responderá ao processo em liberdade.
Também foram beneficiados com a soltura, mediante medidas cautelares, o policial militar Lázaro Alexandre Pereira de Andrade, conhecido como “Tchaca”, e os investigados Joabe Vilas Boas Bonfim e João Nilton Lima Laurentino. No caso de Lázaro, o juiz levou em conta a ausência de indícios de lavagem de dinheiro e a conclusão da investigação. Já para Joabe e João Nilton, a Justiça entendeu que os fatos que motivaram a nova prisão já estavam sendo processados na fase anterior da operação, o que poderia caracterizar repetição de denúncia.