A defesa de Gideão Duarte de Lima, motorista por aplicativo condenado a 20 anos e 4 meses de prisão pela morte da cantora gospel Sara Freitas, anunciou que já recorreu da decisão do Tribunal do Júri. Ele foi julgado na última terça-feira (15), no Fórum Desembargador Gerson Pereira dos Santos, em Dias D’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador. Gideão é acusado de ter levado a vítima até o local onde foi executada.
Representado pelos advogados Ivan Jezler e Douglas Ferreira, o motorista teve sua pena reduzida por conta do reconhecimento de menor participação no crime. “Duas qualificadoras foram afastadas: o feminicídio e o motivo torpe. Perdemos a tese da coação moral irresistível por apenas um voto. Se não fosse isso, ele poderia ter sido condenado a mais de 30 anos”, explicou Jezler.
A defesa afirma que entrou com pedido de anulação do julgamento, alegando irregularidades durante o Júri. Entre os pontos levantados, está o uso de materiais e documentos não presentes nos autos do processo. “O Ministério Público utilizou no julgamento um documento que não estava nos autos, mencionou uma matéria jornalística e apresentou a gravação de um vídeo editado de uma suposta acareação”, disse Jezler.
Para os advogados, a forte comoção social em torno do caso influenciou a condenação. “Ninguém nega que o crime foi bárbaro, mas Gideão não foi o autor e nem concorreu para o fato. O que pesou foi a comoção”, afirmou o defensor.
Enquanto Gideão já foi julgado, os demais acusados — incluindo o marido da vítima, Ederlan Mariano — ainda aguardam julgamento. O processo foi desmembrado porque os outros réus recorreram da decisão de pronúncia. Jezler acredita que os próximos julgamentos podem trazer elementos que reforcem a tese de inocência do cliente. “Estamos otimistas”, concluiu.