“Não são responsabilidades de um órgão ou de outro”
Publicado em 6 de fevereiro de 2025 às 12:47
Após o desabamento da Igreja de São Francisco,nesta quarta-feira (5), que deixou uma pessoa morta e cinco feridas no Centro Histórico de Salvador, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, falou a respeito do desastre e da atuação do instituto em meio à tragédia.
“O Iphan tem uma atuação permanente no território, em parceria com as prefeituras do Brasil inteiro, incluindo a de Salvador. Recentemente, foi lançado um plano junto com a Defesa Civil, que é um plano de gestão de risco aqui do Centro Histórico”
Grass também afirma que o instituto tem duas iniciativas para pessoas vulneráveis que vivem no Centro Histórico, dentro do programa Conviver. Na Gamboa e na sétima etapa do Pelourinho, é feita assistência técnica gratuita para os moradores, com ações de capacitação para ajudar na conservação do bairro.
Ele diz que existem muitas demandas e que o país como um todo tem um grande patrimônio a ser gerenciado, mas que nem sempre é possível corresponder.
“Agora, é óbvio que, dada essa informação que você trouxe, são muitas demandas. A gente tem essa instância colegiada, os comitês gestores do patrimônio, os grupos de trabalho, as ações em conjunto. Agora, não só esse caso, mas tantos outros que a gente já vivenciou e outros que, infelizmente, ainda vão acontecer, preciso dizer isso, e não são responsabilidades de um órgão ou de outro. O Brasil tem um patrimônio vasto. Esse patrimônio é de herança colonial em boa parte, outro é moderno, outro é contemporâneo. E é preciso que haja, no nosso país, um grande pacto em torno disso. Obras de patrimônio, hoje, no país, são muito caras, o investimento público, ele tem tentado responder, mas as demandas não param”
Ele também diz que não basta serem realizados trabalhos de restauração, mas também conservação dos locais, e cita os ônus e bônus de viver em uma região tombada.
“Além de restaurar, nós precisamos conservar, que é mais importante ainda. Muitas vezes, um proprietário ou outro que tem um imóvel tombado, é claro que para ele isso é um ônus, mas também é um bônus, porque ele está numa área prestigiada culturalmente e ele pode, a partir dali, desenvolver seu negócio, suas atividades. É importante morar no lugar reconhecido, mas também há contrapartidas”
Grass afirma que a preservação precisa ser feita por meio de um pacto em sociedade, juntando todos os setores no propósito de manter o patrimônio bem cuidado por meio de investimentos em conjunto com a comunidade.