Fernando Diniz segue dividindo opiniões no futebol brasileiro quase dez anos após encantar o país com o Audax vice-campeão paulista em 2016. À época, a proposta ousada de sair jogando desde a defesa rendeu tanto elogios quanto críticas. Hoje, com títulos importantes no currículo, incluindo a inédita Libertadores com o Fluminense, ele ainda é alvo de admiração e rejeição em igual medida.
Em entrevista ao podcast Abre Aspas, do ge, Diniz falou por mais de duas horas sobre sua trajetória, métodos, críticas e a passagem turbulenta pela Seleção Brasileira. Mesmo sem clube após rápida passagem pelo Cruzeiro, o treinador afirma estar mentalmente mais estável e segue mergulhado no estudo do futebol. Seu time favorito do momento é o PSG de Luis Enrique.
Diniz contesta os rótulos atribuídos a seu estilo de jogo. Afirma que zagueiros sob seu comando podem, sim, dar chutões, que treina bolas longas com frequência e que o sucesso do seu modelo depende mais de coragem e disciplina do que de jogadores de elite.
“Eu gosto muito mais de ganhar do que essas pessoas que só querem ganhar. No futebol, as pessoas só enxergam o resultado final. Não conseguem reconhecer quem trabalha, quem é talentoso, quem é bom”, afirmou.
Segundo ele, sua única exigência inegociável aos jogadores é não deixar de marcar. Para Diniz, o caminho para a vitória vai além do placar: está na construção cotidiana da excelência.
Passagem pela Seleção e lições da vitória
Sobre a experiência dupla à frente da Seleção e do Fluminense em 2023, Diniz reconhece que o acúmulo de funções prejudicou o desempenho. Foram apenas duas vitórias em seis jogos com a Amarelinha, encerrados com uma demissão por telefone.
“A Seleção ficou prejudicada. Eu passava muito tempo no Fluminense, não consegui ir à Europa conversar com os jogadores. O trabalho de campo foi bom, o desempenho foi melhor que os resultados.”
Diniz também criticou o imediatismo do futebol brasileiro e o culto ao placar:
“A vitória não pode ser a única coisa importante. Ganhar sem trabalhar bem diminui muito a chance de ganhar de novo. E, às vezes, quando você vence, o placar é o começo da sua queda.”
Apesar da polarização em torno do seu nome, Diniz diz que não se abala. E segue acreditando que seu estilo, mesmo questionado, é o melhor caminho para o sucesso duradouro no futebol.