Fora da denúncia sobre tentativa de golpe que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, agora tenta recuperar uma pepita de ouro que foi apreendida em sua casa pela Polícia Federal durante as investigações. O dirigente partidário já conseguiu reaver outros itens levados pelos agentes durante a operação, como dois celulares, três relógios, um caderno de anotações e o seu passaporte.
A pepita de ouro apreendida pela PF pesa 39g e possui 91,7% de grau de pureza. Ela é avaliada em R$ 11,6 mil. A aliados, Valdemar declarou que gostaria de fazer uma rifa do minério, assim que o reaver e, posteriormente, doar o valor arrecadado.
De acordo com o advogado Marcelo Bessa, que faz a defesa de Valdemar, o minério ainda não foi devolvido pelo fato de a investigação sobre a peça ter sido desmembrada e o caso remetido à primeira instância pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Desta forma, será preciso aguardar a conclusão da ação para atestar que o item não foi retirado de um garimpo no Brasil e, com isto, pedir para ser devolvido. O processo segue sob segredo de Justiça.
Além de alegar que a pepita não tem como origem a extração ilegal no Brasil, a defesa de Valdemar alega que a operação que apreendeu o item ocorreu sem que ele tivese participação na tentativa de golpe. O presidente do PL chegou a ser indiciado pela PF, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) entendeu não haver elementos para denunciá-lo.
Em depoimento, Valdemar afirmou que a pepita foi recebida como presente, dado anos atrás, por um amigo. A perícia preliminar da PF apontou que a pepita é uma peça rara de colecionador e foi retirada de um garimpo artesanal fora do Brasil.
As análises técnicas indicam que a morfologia da peça não é compatível com o solo e as formações rochosas da Amazônia. Por meio do programa Ouro Alvo, a PF possui um banco de amostras de perfis auríferos que permitem identificar a origem do ouro confiscado em operações.
Os peritos concluíram que a pepita é rara em razão dos indícios de que ela foi retirada com aquele tamanho da chamada “rocha mãe” — geralmente, o ouro é encontrado em fragmentos bem menores. Isso também reforçou a suspeita de que a peça venha de algum garimpo artesanal, pois na mineração industrial as rochas são detonadas com explosivos, o que impede que objetos desse tamanho sejam encontrados.