A audiência de instrução da Operação Falsas Promessas, que investiga um esquema milionário de rifas ilegais e lavagem de dinheiro, revelou detalhes sobre a abordagem policial na casa do influenciador digital baiano Ramhon Dias, preso durante a ação em um condomínio de luxo, em São Paulo. Na audiência realizada, nesta quarta-feira (16), na Vara de Organização Criminosa, conduzida pelo juiz Waldir Viana.
Segundo uma das testemunhas de acusação — um dos agentes responsáveis pela busca e apreensão —, Ramhon demorou para abrir a porta do quarto no momento da operação. Ao entrar, os policiais avistaram uma arma ao lado da cama e pediram o celular do influenciador, já que o aparelho era um dos alvos da investigação.
Ramhon afirmou que o celular estava quebrado. No entanto, como a varanda do quarto dava para uma área de mata e estava com a porta aberta, os policiais suspeitaram de algo errado. Após vasculharem o matagal nos fundos do condomínio, encontraram o aparelho jogado entre as árvores.
Ainda durante as buscas, a polícia encontrou na casa dele duas das sete armas registradas. Questionado, ele alegou que as demais estavam em clubes de tiro. Agentes foram aos locais indicados, mas não localizaram os armamentos. Após nova diligência, dessa vez com o advogado de Ramhon, os policiais retornaram à residência e encontraram armas escondidas embaixo da banheira de hidromassagem — incluindo armamento pesado.
A Justiça aponta que Ramhon e David Mascarenhas, que também está preso, atuavam como operadores de rifas ilegais com possível ligação com o tráfico de drogas. À Justiça os investigadores relataram que Ramhon tem relação com o traficante Victor da Silva Paulo (criador do esquema) desde 2014 e movimentou mais de R$ 27 milhões sem origem lícita comprovada. Entre os bens adquiridos estão um imóvel avaliado em R$ 6,6 milhões e uma lancha.
A audiência segue com a oitiva de testemunhas de defesa, muitas delas abonatórias, que devem falar sobre a conduta dos 27 réus envolvidos no esquema, que movimentou cerca de R$ 680 milhões.