A Polícia Federal (PF) solicitou ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prorrogação por mais 60 dias das investigações sobre um suposto esquema de corrupção e venda de sentenças judiciais nos bastidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo os investigadores, as apurações revelaram uma estrutura “consideravelmente mais sofisticada e complexa” do que se imaginava inicialmente.
De acordo com a PF, o caso inicialmente parecia envolver apenas o compartilhamento irregular de minutas de decisões, mas as investigações avançaram e passaram a atingir uma rede que inclui advogados, lobistas, empresários do agronegócio, operadores financeiros e membros do Judiciário. As informações constam em relatório enviado ao STF.
As apurações apontam para possíveis crimes cometidos por desembargadores do Mato Grosso e por ex-servidores de quatro gabinetes de ministros do STJ. Entre os magistrados citados estão Paulo Moura Ribeiro, Isabel Gallotti, Og Fernandes e Nancy Andrighi — o que tem gerado tensão e constrangimento dentro da Corte.
O pedido de prorrogação das investigações vem após análises financeiras e apreensões feitas em operações anteriores revelarem movimentações suspeitas, incluindo indícios de lavagem de dinheiro. Um dos principais alvos é o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, que está preso na penitenciária federal de Brasília. Ele teria transferido mais de R$ 2,6 milhões a um motorista beneficiário de auxílio emergencial entre 2019 e 2023, numa suposta tentativa de ocultar a origem ilícita dos valores.
A PF também investiga a participação da esposa de Andreson, a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues, que cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. A corporação aponta que Andreson atuava como figura central no esquema, controlando o fluxo de informações privilegiadas e repasses financeiros.
De acrodo com o portal O Globo, a Policia Federal pediu a renovação das medidas cautelares já impostas contra os investigados. O plenário virtual do STF deve concluir na segunda-feira (12) o julgamento de um recurso da defesa de Andreson, que tenta transferi-lo da penitenciária federal para o regime domiciliar. Até o momento, os ministros Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram contra o pedido.
No voto, Zanin destacou a gravidade dos indícios: “Há nos autos consideráveis elementos apontando no sentido de que Andreson de Oliveira Gonçalves tinha função decisiva de comando e ingerência no contexto de suposto esquema de venda de decisões judiciais e de informações processuais privilegiadas”, escreveu.