Café acumula alta de quase 80% em 12 meses, segundo IBGE
Publicado em 11 de abril de 2025 às 15:55
O preço do café moído segue em forte alta e acumula inflação de 77,78% nos últimos 12 meses até março, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Somente em março, em comparação com fevereiro, o produto subiu 8%. No acumulado de 2025, o aumento já é de 30%.
Em fevereiro, a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) já havia alertado que os preços seguiriam em elevação nos meses seguintes, uma vez que os custos do café em grão ainda não haviam sido totalmente repassados ao consumidor final.
Produção em queda no Brasil e no mundo
De acordo com o IBGE, a alta no preço do café é reflexo da queda na oferta global, principalmente com a redução da safra no Vietnã, importante produtor, que enfrentou adversidades climáticas. No Brasil, a situação também é desafiadora: a produção de café em grão deve cair 5,8% em relação à safra anterior, apesar de uma leve revisão positiva de 1,8% na estimativa feita em fevereiro.
Segundo o portal G1, queda é na produção de café arábica, que deve recuar 10,6% em 2025, com estimativa de 35,8 milhões de sacas de 60 kg. A bienalidade negativa da planta — um ciclo natural de menor produtividade após uma safra forte — e as condições climáticas severas explicam o cenário.
Estresse nas lavouras e custos elevados
A elevação dos preços do café tem como base três principais fatores, segundo especialistas:
-
Clima adverso: calor excessivo e longos períodos de seca, especialmente em estados como Minas Gerais e São Paulo, provocaram o “estresse” das plantas, que abortaram frutos para sobreviver.
-
Custos logísticos: as tensões no Oriente Médio encareceram os fretes internacionais, o que também impactou o preço dos contêineres usados para exportação.
-
Aumento no consumo: com o crescimento do mercado externo, como a China, que passou da 20ª para a 6ª posição entre os maiores importadores de café brasileiro, a oferta interna foi pressionada.
Recuperação das lavouras ainda levará tempo
Diante das perdas, produtores estão adotando técnicas drásticas, como o “esqueletamento” — poda intensa dos pés de café para poupar energia da planta e permitir uma recuperação para a próxima safra. Mesmo áreas irrigadas foram prejudicadas.
“A seca é o pior dano que uma lavoura pode sofrer”, afirma Celírio Inácio da Silva, diretor executivo da Abic. “Ao contrário da geada, que afeta apenas o ciclo atual, a falta de água compromete safras futuras.”