Insegurança pública
Publicado em 21 de maio de 2024 às 07:56
Num estado onde a violência cresce e vitima tantos inocentes, a proximidade de agentes públicos inspiram segurança aos cidadãos e cidadãs.
Mas nem sempre é assim. Mês passado às 18h53 na Estrada do Coco (Catu de Abrantes),tive a minha trajetória, na condução ao volante, surpreendida por um Policial militar, sem qualquer sinalização adequada para a noite, parado no meio da pista. Sem tê-lo visto antes, freei a poucos metros do mesmo que apontava ostensivamente para mim uma arma em punho. Ato contínuo indicou-me o acostamento e ali fui forçado a estacionar absolutamente assustado, surpreso e perplexo.
Por pouco não atropelei o policial ou fui assassinado por ele que não me dirigiu palavra, para admoestar, sugerir, explicar… Silêncio absoluto. Típico das ações arbitrária. Total prepotência e desmando!
Minutos depois desfilam na mesma estrada dezenas de outras motos pilotadas por outros policiais militares. Tudo sugeria um comboio, sabe-se lá do que ou de quem. A nós nada foi dito, tal a nossa insignificância.
Em outros dois veículos, estacionados ao meu lado, motoristas e passageiros igualmente em estado de choque e paralisados, aguardavam qualquer orientação daquele que nos impediu, ameaçando-nos com arma em punho, de seguir o nosso caminho.
O agressivo, arbitrário e prepotente policial montou sobre a motocicleta e partiu sem sequer se despedir daqueles e daquelas que assustou, intimidou e cuja trajetória interrompeu violentamente, sem qualquer explicação.
O fato poderia ter outro desfecho e as manchetes do dia seguinte poderiam ser: “Idoso atropela policial militar na estrada do coco.” Ou ainda, “Idoso é morto ao tentar invadir barreira policial na Estada do Coco”.
Sem testemunhas, prevaleceria o registrado por outro agente de segurança pública. Difícil que alguma outra instância averiguasse a veracidade do registrado.
Prevaleceria o corporativismo, tão comum nestes casos. Mais um CPF cancelado e mais um número na infinita estatística das ações policiais que deixam rastros de sangue.
A Bahia foi o Estado que, em 2023, mais matou, em intervenções policiais. Depois desta violenta e trágica experiência, devo admitir que a insegurança pública institucional precisa urgentemente ser coibida neste estado.
Com precisão de data, hora e local, registrei as reclamações na instâncias devidas. A ouvidoria da PM informou que a denúncia foi registrada através do sistema TAG e forneceu o link pata acompanhamento.
A ouvidoria geral do estado pediu nome do policial e número do veículo, em um e-mail que não admitia resposta. Ato contínuo, encerrou o caso por “por motivo de falta de resposta a solicitacao de mais dados e informacoes a respeito do fato” (SIC). Também este novo e-mail não permitia resposta.
Cidadãos e cidadãs exigimos respeito e merecemos os cuidados de segurança por parte de agentes pagos com os altos impostos que compulsoriamente desembolsamos.
Autor: Padre Alfredo Dorea
*Padre Alfredo Dorea (@padre.alfredo) é um anglicano amante da vida, da solidariedade e da justiça social. Com os movimentos populares, busca superar todo preconceito e discriminação. Gosta de escrever e se comunicar.