Especial incêndios e queimadas: Saiba como acontece em cada ambiente e quando seus danos são irreversíveis

Especial incêndios e queimadas: Saiba como acontece em cada ambiente e quando seus danos são irreversíveis

As queimadas que atingem todo o Brasil não são uma novidade, mas alcançaram um espaço de atenção à medida que os seus danos vão se tornando cada vez mais significativos. Diante dos problemas gerados pela queima da vegetação, muito se questiona sobre se esses danos são reversíveis ou não. Para explicar como funciona o alastramento do fogo em contato com diferentes biomas, ecossistemas e ambientes, o geógrafo e doutor em Ciências Florestais, análise de ecossistemas, Gustavo Hees de Negreiros, falou ao Bnews quando os danos podem ser considerados permanentes e o que pode ser feito para que o surgimento de novos focos seja evitado.

Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) desde 2015 e com mais de 20 anos dedicados a atuação na Amazônia, Gustavo de Negreiros detalhou como funciona o efeito da queima em cada bioma específico. Quando se fala do Cerrado, por exemplo, o especialista destaca que essa é uma área naturalmente adaptada para receber, com certa frequência, as ocorrências de queimadas. Esse tipo de ecossistema se regenera de forma rápida, o que o coloca como uma zona “adaptada a queima”, contudo, o Cerrado não é adaptado para queimar com a intensidade e frequência na qual ele vem queimando, por isso, tem tido o seu sistema alterado.

Com relação a Mata Atlântica, Negreiros, que também é membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Itapicuru, do Conselho Estadual de Meio Ambiente da Bahia (CEPRAM) e da Sociedade Latino Americana de Ecologia Humana (SOLAEH), explicou que se trata de um bioma que adaptado justamente para não queimar, pois possui uma estrutura que retém mais umidade, mantendo mais material combustível no seu interior mais úmido e, por isso, é menos propenso a queimar em grande parte do ano. Contudo, algumas atividades têm provocado alterações significativas em sua estrutura.

“O corte seletivo de madeiras, a retirada de algumas árvores, tudo isso altera essa estrutura e gera muito material combustível que fica disponível para a queima. O fogo, muitas vezes, quando entra nesses períodos, ele queima só aquela serrapilheira, aquele material que está no chão da floresta. É um fogo que aparenta ser pouco ofensivo, com flamas baixas, um fogo que anda devagar, porém, ele causa uma alta mortalidade nas árvores que estão nessa floresta, porque as árvores não são acostumadas ao fogo, diferentemente do Cerrado”.

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